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Photo by Jonathan Forefält


Esse fim-de-semana Estocolmo viu a despedida de uma de suas maiores e melhores bandas. Em casa, o Hellacopters deu adeus ao público em quatro shows no palco do Debaser Medis.

O primeiro show aconteceu sábado, três da tarde, com a casa fechada apenas para convidados. 900 pessoas entre amigos, família e fãs mais ferrenhos lotaram a casa para o show de uma hora e meia.

Apenas seis horas depois, a banda estava novamente no palco e dessa vez para o público em geral que adquiriu os ingressos (350 coroas suecas, o equivalente a mais ou menos 100 reais). Na última música do bis no entando, um acidente estragou o humor dos músicos. Alguém derramou cerveja na mesa de som do palco e depois de 5 segundos de microfonia horrorosa, os amplificadores pararam de funcionar. Nicke Andersson saiu do palco cuspindo fogo sobre os roadies que rapidamente tentaram achar o problema, mas constataram que sem um eletricista, não havia a menor chance do equipamento funcionar novamente. Kenny Håkansson voltou ao palco e pediu desculpas pelo problema técnico mas o público não arredou o pé aos gritos de "Nós esperaremos consertar a mesa!". Mesmo sem terminar a última música, às 23h, o públicou saiu em êxtase do show depois do setlist que condensou os maiores hits da banda e ainda coroou o bis com "We Will Rock You" numa versão acelerada e extremamente viceral.

No mesmo sábado a noite, The Robots (cuja música "In The Sign Of The Octopus" Hellacopters fez um cover) se apresentou em um show tributo à banda de seus amigos "simultaneamente ao show dos Copters) para aqueles que não conseguiram comprar ingressos, na filial da casa, o Debaser Slussen.

No domingo, mais uma matinê, dessa vez para a molecada e o povo que trabalha cedo na segunda. O setlist foi idêntico e na platéia era possível localizar os fãs que também viram o show no dia anterior. Já nesse show, alguns dos membros da bandas já estavam visivelmente emocionados.

A noite a casa estava absolutamente lotada. Muitos dos amigos e familiares do primeiro show compareceram. Além deles estavam os fãs mais hardcore da banda (alguns vieram da Australia e Japão pro show). Durante a segunda paradinha quando Nicke agradece aos público, sobe um cartaz no meio da platéia escrito "Kenny, I'm pregnant" nas mãos de um viking sueco de 1,90m e a banda ri tanto que até esquece de falar com o público. "Carry Me Home", "Everything's on TV", "Toys And Flavors", "I'm In The Band", "The Devil Stole The Beat From The Lord", "Soulseller" são alguns dos hits do setlist, que terminou com um arranjo pesado e sombrio enquanto um a um os membros da banda deixavam o palco segurando o choro como bons rock'n'rollers. Os fãs na primeira fila fizeram um mar de rosas dancando sobre a platéia e no último bis, jogaram as rosas no palco. Soa meio Roberto Carlos, mas foi sim muito bonito. Ao meu lado, as esposas dos músicos e os amigos mais íntimos também choravam muito.



Na ordem: Robban, Strings, Nicke, Kenny e Boba

Enquanto isso, no backstage, a banda abracou uns aos outros com forca, como uma despedida decidida e conformada mais ainda sim dolorosa. Raros os casos de bandas que param no auge e cujos os membros são não só amigos, mas não tem absolutamente nenhum conflito um com os outros.

Após o show, comecou a festinha para os amigos. E eu mesmo não sendo ímtima, acabei na festa também. Entre as presencas ilustres estavam todos os caras do Backyard babies (Dregen inclusive participou de uma das músicas durante o show) e Tomas Haake do Meshuggah (caladão e mal-encarado). Se não me engano, alguns dos integrantes do Hives também estavam lá. Todos se abracaram muito e beberam mais ainda em homenagem a uma das bandas mais Rock'n'roll do novo século.

Hoje, alguns dias depois do show, Nicke Andersson confessou a um amigo meu via sms: "I will bring some more screaming guitars soon." Resta esperar. Mas ao Hellacopters, o adeus foi definitivo.



Now, Rock'n'Roll is Dead...


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