Sobre Jacko, the wacko




Nunca fui fã do Michael Jackson. Gosto da fase dele menino, com o Jackson 5. Mas como escrava da música que sou, admiro a contribuição dele pra música. Acho sempre impressionante que uma pessoa consiga se inventar como artista, como marca e mesmo tendo fracassado em se mostrar como pessoa, ele se inventou como lenda.

Eu li uma matéria de um jornalista sueco que falou de uma forma diferente sobre Jacko que eu achei umas das análises mais próximas da realidade que eu já li.

Um menino que sob o abuso físico e mental do pai se tornou o artista mais bem pago do mundo e o maior artista pop do mundo. Um negro que se tornou branco. Um homem que transformou sua aparência masculina em ao maior caso de androgenia já visto. Um adulto, pai, que queria ser uma criança. Uma outra análise sobre MJ dizia que seu desenvolvimento mental havia estacionado nos 12 anos de idade. E faz sentido, sendo Peter Pan o maior ídolo do ídolo. Peter Pan talvez tenha sido mais que um ídolo para Jackson, que construiu sua casa sob o nome de Neverland. Todas as plásticas e alterações que Jackson fez em seu corpo pareciam tentar levá-lo a se parecer o máximo possível com Peter Pan. A pele branca, o nariz extremamente fino e arrebitado e os lábios sempre cuidadosamente pintados de tons avermelhados como um elfo de cera. Esculpido pela fama, fortuna e loucura.




Michael Jackson fez uma revolução musical negra como um legítimo herdeiro de James Brown. Mas embora a revolução tenha sido musical, talvez seja parte de uma transformação mais subjetiva que na careira de MJ foi do motown, ao funk, disco e ao pop, Rn'B e romântico. Em nenhum dos discos Michael tem a mesma aparência e vai em uma transformação progressiva em direção a imagem que ele tinha quando morreu. A revolução na minha opinião foi interna tb. E assim como Van Gogh morreu em tormento e loucura talvez MJ tb tenha sofrido uma espécie de autofagia de sua obra.

Com sua morte às vésperas do seu retorno aos palcos para a última turnê Michael Jackson não só se confirmou como lenda da música internacional e deixou sua marca com uma saída à francesa mas também aumentou a aura de mito e em tempos de crise, bateu récordes de vendagem online e em CD.

E do ponto de vista pessoal, talvez depois de tantas polêmicas, sucesso e tormentos, Michael Jackson finalmente tenha completado sua obra e pode agora descansar desses 50 anos no topo e no olho da tempestade.





Ainda não consegui me decidir se achei o funeral um circo ou uma homenagem digna ao porte de Michael como artista. De repente era o que ele queria. E confesso que fiquei comovida com a filha dele (que obviamente não tem nenhuma gotinha de material genético dele) falou ao microfone quase como pra defender a memória do pai.

Descanse em paz, MJ.



1 comment:

to the end said...

O que mais me comoveu em toda essa história, foi a empatia dó público em relação a um artista que teoricamente estava fora do jogo. Ele tava tentando voltar a ser o artista que ele foi nos anos 80, e acho que a volta dele seria apoteótica. Acho que o "show-neral" foi digno do artista que o MJ foi.